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Vasectomia sem bisturi e sem agulha

A vasectomia representa procedimento cirúrgico destinado à esterilização definitiva do homem. Pode ser realizada em ambiente de consultório já que constitui procedimento ambulatorial. Eventualmente pode ser necessário sua realização em ambiente hospitalar.
 
Os candidatos à vasectomia são homens com pelo menos 25 anos ou dois filhos vivos.
Tecnicamente a vasectomia é realizada através de incisão escrotal, com secção e ligadura dos canais ou dutos deferentes. São estas estruturas que conduzem os espermatozoides até a uretra no momento da ejaculação. Uma vez seccionados e obstruídos pela operação não haverá mais espermatozoides no esperma tornando, portanto, o indivíduo estéril.
 
É importante frisar que a vasectomia, por se tratar de procedimento cirúrgico, pode apresentar complicações. Felizmente, estas costumam ser de pequena monta o que faz da vasectomia uma cirurgia bastante segura quando realizada de forma adequada. As principais complicações da vasectomia são: dor, sangramento e inchaço no local operado.
 
Todo homem submetido à vasectomia deve realizar o estudo microscópico do esperma após a vasectomia para garantirmos que não há espermatozoides vivos na amostra de esperma. Só a partir daí que o indivíduo é liberado para relações desprotegidas.
 
Antes de realizar a vasectomia todos os pacientes devem realizar uma consulta com seu urologista. Nesta consulta serão discutidos os riscos, benefícios e alternativas da vasectomia. Os objetivos desta discussão é garantir que os pacientes tenham expectativas realistas em relação às consequências da cirurgia e do pós-operatório da vasectomia.
Vale ressaltar que segundo a nossa legislação só podem realizar a vasectomia homens maiores de 25 anos de idade, ou pelo menos, com 2 filhos vivos.
 
Vasectomia sem bisturi
 
A vasectomia sem bisturi foi desenvolvida em 1974 por um médico Chinês chamado Li Shunqiang. Em 1992 um manual foi distribuído em mais de 40 países onde os médicos foram treinados para realizar a vasectomia sem bisturi. A partir daí esta técnica cirúrgica passou a ser amplamente utilizada na prática urológica diária.
 
Nos últimos anos foi desenvolvida uma técnica cirúrgica (divulsão da pele escrotal sem incisão, e clips são empregados para a ligadura do deferente), que permite realizar a vasectomia de uma maneira minimamente invasiva.
 
Esta técnica é chamada de vasectomia sem bisturi, e por não usar agulha para anestesia local, também é chamada sem agulha, ao invés do uso de agulha para a realização da anestesia local, utilizamos um dispositivo que dispensa o uso de agulhas. A anestesia é feita por jatos através da pele bem menos dolorosos.
 
Ela difere da técnica convencional, pois ao não utilizar o bisturi, causa-se menos trauma aos tecidos. No lugar do bisturi utilizamos uma pinça especialmente desenvolvida para esta operação, que faz uma dissecção através da pele, ao invés de um corte tradicional.
 
O tamanho do corte de uma vasectomia convencional é de 1,5 a 3,0 cm. Na vasectomia sem bisturi o corte é menor que 1,0 cm. A área de traumatismo provocada com essa nova técnica é bem reduzida, o que diminui bastante a chance de sangramento. Como consequência, a dor resultante também é menor. Além disso, devido o trauma e o corte serem menores, não há necessidade de dar pontos no corte ao final da cirurgia.
 
Os canais de conduzem os espermatozoides são seccionados e suas pontas são ocluídas com clips de titânio.
 
Desta maneia, realizamos uma vasectomia minimamente invasiva, que é mais rápida na sua execução e causa menos dor e sangramento. Em consequência, a recuperação para as atividades cotidianas também é mais rápida.
Os estudos mostram que a técnica de vasectomia sem bisturi provoca menos complicações, como hematomas ou infecção, menos dor e a retomada mais rápida da atividade sexual, nos pacientes operados pela técnica minimamente invasiva.
 
Vasectomia é irreversível?
 
A vasectomia é reversível, porém a cirurgia de reversão da vasectomia é cara, complexa e nem sempre tem resultado bem sucedido. Outra opção à reversão da vasectomia são os procedimentos de fertilização.
 
A vasectomia é uma operação bastante segura com baixos índices de complicação. Podem ocorrer hematomas ou infecção em 1-2% dos pacientes operados. Outro problema é a dor crônica. Esta é também bastante rara, ocorrendo em 1-2% dos pacientes.
 
Na consulta inicial é importante dar ênfase a alguns aspectos da história clínica dos pacientes, principalmente em relação à presença de doenças que afetem a coagulação do sangue ou uso de medicamentos que alterem a coagulação. A solicitação de exames pode ser dispensada se o paciente não apresenta problemas clínicos significantes ou não tem histórico de doenças que afetem a coagulação do sangue. O uso de antibióticos é desnecessário após uma operação de vasectomia.
 
Avaliação inicial e pós cirúrgico
 
Antes de realizar a vasectomia todos os pacientes devem realizar uma consulta com seu urologista. Nesta consulta serão discutidos os riscos, benefícios e alternativas da vasectomia. Os objetivos desta discussão é garantir que os pacientes tenham expectativas realistas em relação às consequências da cirurgia e do pós-operatório da vasectomia. Nesta consulta devem ser enfatizados alguns aspectos da vasectomia.
 
O objetivo da vasectomia é a esterilização permanente. Porém, a vasectomia não é método 100% efetivo em prevenir uma gravidez. O risco de gravidez é 1 em 2000, após uma cirurgia de vasectomia bem sucedida. A necessidade de se repetir a vasectomia ocorre em menos de 1%.
 
Pós-cirúrgico
 
Em geral recomendamos o uso de analgésicos nos pós-cirúrgico. O tempo de uso de analgésicos vai depender da técnica cirúrgica empregada e da sensibilidade de cada um. É incomum o uso prolongado de analgésicos, principalmente quando empregamos a técnica da vasectomia sem bisturi.
 
O exame físico da genitália dos pacientes deve ser feito antes da vasectomia ser realizada. Nele podemos identificar pacientes que podem não ser bons candidatos à vasectomia com anestesia local. Pacientes com sensibilidade excessiva nos genitais ou mesmo nos casos que apresentam os canais deferentes (canais de conduzem os espermatozoides) difíceis de palpar podem representar dificuldades técnicas para a realização da vasectomia com anestesia local.
 
Quando durante o exame físico notamos um fator que pode dificultar a realização da vasectomia sob anestesia local, pode ser necessária a realização da cirurgia no hospital sob anestesia ou sedação. Isto pode ocorrer nos indivíduos com sensibilidade excessiva nos genitais, deferentes difíceis de palpar, pacientes muito obesos ou com espessamento excessivo da pele escrotal.
 
Recomendações e cuidados ao paciente antes e após a vasectomia
 
No dia da vasectomia os pacientes podem ter uma refeição leve até 4 horas antes do procedimento. Também os pacientes devem realizar a remoção dos pelos da região genital antes do procedimento.
 
Após a vasectomia é recomendável que o paciente fique uma semana sem ejacular ou ter relação sexual.
 
No pós-cirúrgico o paciente deve usar roupas leves. O uso de cueca mais justa ajuda na sensação de conforto, já que mantém os testículos fixos.
 
Os cuidados locais são basicamente lavar o local operado com água e sabão e cobrir a área com gaze seca.
 
Após a cirurgia é sempre conveniente um repouso relativo de 2 ou 3 dias. O que deve ser evitado é o esforço excessivo ou atividades físicas por 7 a 10 dias.
Após uma semana da cirurgia os pacientes podem ter relações sexuais, desde que protegidas.
 
É importante enfatizar que a vasectomia não confere esterilidade imediata.
 
Relações sexuais após a vasectomia
 
Durante as ejaculações o esperma (o líquido) sai normalmente em pacientes submetidos à vasectomia. A diferença é que, após algumas semanas, o esperma não vai conter mais espermatozoides.
 
O objetivo principal da vasectomia é deixar o indivíduo estéril. Isso é alcançado quando o espermograma não mostra nenhum espermatozoide vivo no esperma. Eventualmente podemos encontrar raros espermatozoides imóveis ( < 100 000 espermatozoides imóveis/ml).
 
O tempo recomendável para colher o espermograma é de 8 a 16 semanas após a vasectomia. Entretanto, a escolha do tempo para o primeiro espermograma deve ficar sob o julgamento do urologista que realizou a cirurgia. A vasectomia não causa câncer de próstata ou qualquer outra doença crônica como pressão alta ou doença coronária.
 
Muitos pacientes que se submetem à vasectomia têm receio de ter algum prejuízo de alguma função sexual após a cirurgia. Porém nenhum estudo mostrou associação da vasectomia com dificuldade com as ereções, diminuição da sensação do orgasmo, diminuição do líquido da ejaculação, diminuição da sensibilidade dos genitais ou do prazer sexual.