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Cirurgia Laparoscópica Urológica

A cirurgia laparoscópica ou vídeolaparoscópica é um procedimento minimamente invasivo realizado através de pequenas incisões ou portais por onde são introduzidos os instrumentos cirúrgicos.

 
A visualização do interior da cavidade abdominal é feita com um instrumento fino chamado laparoscópio. Este é conectado a um sistema de fibras ópticas e microcâmeras que permite aumentar as imagens em até 20 vezes, e as imagens captadas são projetadas e um monitor.
 
É importante frisar que a cirurgia laparoscópica é sempre realizada sob anestesia geral necessitando, portanto, de internação hospitalar. Além disso, é necessária a realização de todos os exames pré-operatórios pertinentes a cada procedimento cirúrgico.
O grande benefício dos procedimentos vídeo-laparoscópicos é proporcionar a realização de cirurgias com a mesma eficiência e segurança daquelas feitas de modo convencional (abertas), porém com menos dor e desconforto.
 
Desta maneira, ao evitarmos as grandes incisões, os pacientes têm recuperação mais rápida, ficam menos tempo internados e retornam mais rapidamente ao trabalho e às atividades rotineiras.
Além disso, existe um benefício estético, já que as pequenas incisões deixam cicatrizes menores.
 
As aplicações da cirurgia laparoscópica em urologia são bastante amplas e variadas.
Do ponto de vista prático, qualquer abordagem cirúrgica envolvendo órgãos urológicos acessíveis ao laparoscópio, pode ser realizada pela vídeolaparoscopia.
 
Prostatectomia Radical Laparoscópica
 
A prostatectomia consiste na remoção cirúrgica da próstata. Ela pode ser realizada por patologia benigna ou maligna. Nos casos de doença benigna a próstata não é totalmente removida, sendo ressecado somente o tecido prostático excedente, em geral associado à obstrução urinária devido ao crescimento prostático que ocorre com a idade.
 
Já nas patologias malignas a próstata precisa ser removida completamente para garantir o controle total da doença.
Aqui a cirurgia é dita prostatectomia radical, ou seja, remoção radical da glândula prostática.
 
Até alguns anos atrás a cirurgia aberta era a única opção para a realização desta operação. Com o desenvolvimento da cirurgia laparoscópica houve interesse crescente na utilização desta via para a realização da prostatectomia radical.
Hoje a prostatectomia radical laparoscópica é empregada de forma rotineira por vários serviços de urologia e mostrou eficácia e segurança semelhante à cirurgia aberta no controle do tumor maligno da próstata.
 
A prostatectomia radical laparoscópica está indicada no tratamento do câncer da próstata localizado em pacientes com expectativa de vida de pelo menos 10 anos.
A prostatectomia radical laparoscópica é realizada com o paciente sob anestesia geral.
 
Após a cirurgia o paciente permanece internado por 2 ou 3 dias e tem alta hospitalar com uma sonda na bexiga. A sonda é removida em 1 semana para permitir cicatrização adequada dos tecidos. As vantagens de realizar a prostatectomia radical laparoscópica incluem todas aquelas da cirurgia laparoscópica em geral e, pelo emprego do sistema de magníficação oferecido pela câmera e fibras ópticas, permite visualização e dissecções mais precisa das estruturas.
 
A clareza na visualização das imagens é traduzida por taxas de sangramento e transfusões de sangue menores. Os resultados em relação à potência e continência rivalizam com aqueles obtidos com a cirurgia aberta. Além disso, devido ao emprego de incisões menores existe beneficio adicional em relação ao aspecto estético das cicatrizes cirúrgicas.
 
Nefrectomia Laparoscópica
 
A nefrectomia consiste na retirada cirúrgica do rim. A exemplo da prostatectomia, ela pode ser realizada para patologias benignas e malignas.
 
As principais indicações para nefrectomia por videolaparoscopia são:
Patologias benignas: atrofias renais (rins diminuídos de tamanho) e rins que perderam a função. Em geral estes processos são causados por doenças inflamatórias, infecciosas ou por cálculos renais.
 
Patologias malignas: tumores renais. Os tumores renais são processos neoplásicos de natureza maligna. Estes tumores podem causar dor abdominal, sensação de massa palpável na barriga ou sangramento na urina. Alguns pacientes se apresentam com tumores volumosos e com metástases (disseminação para órgãos distantes) e dificilmente podem ser curados com a nefrectomia. No entanto, atualmente muitos pacientes são diagnosticados com tumores pequenos e sem sintoma algum. Em geral estes pacientes realizam exames por outras causas como para avaliar uma gastrite, por exemplo. Nestes casos a ultrasonografia ou a tomografia identifica estes tumores.
 
Nos casos de doença localizada a nefrectomia pode curar o indivíduo e pode ser realizada por via videolaparoscópica.
Portanto, é importante ressaltar que existe um limite para indicação e realização de nefrectomia laparoscópica em pacientes portadores de tumores renais malignos. Este limite é o tamanho do tumor. Quanto maior o tumor menor é a chance de realizar cirurgia videolaparoscópica.
 
Em casos de tumores pequenos < 4cm é possível a realização de nefrectomia parcial laparoscópica, ou seja, remove-se apenas o tumor preservando o restante do rim.
Obviamente, estes casos devem ser bastante selecionados.
 
A cirurgia é realizada com o paciente deitado de lado, sendo necessários 3 ou 4 incisões ou portais para o acesso ao rim.
 
A primeira nefrectomia laparoscópica foi realizada nos Estados Unidos em 1990. A partir daí, esta técnica foi progressivamente sendo aceita e incorporada na rotina dos grandes centros urológicos do mundo.
Após a cirurgia o paciente fica internado e pode ter alta hospitalar após 2 ou 3 dias.
 
A principal vantagem da nefrectomia laparoscópica é sem dúvida em relação à incisão cirúrgica empregada para as nefrectomias abertas.
 
Esta incisão é realizada na parte lateral do corpo e tem como característica a ocorrência de dor de forte intensidade no pós-operatório. Além disso, como esta incisão atravessa planos musculares está associada com ocorrência de hérnias e flacidez no local da incisão trazendo bastante desconforto ao paciente. Com o emprego da técnica laparoscópica é possível obter cicatrizes menores e menos dolorosas, sem os inconvenientes das cirurgias abertas.
 
Pieloplastia Laparoscópica
 
A pieloplastia é utilizada para a correção cirúrgica das obstruções ou estenoses da região onde termina o rim e começa o ureter que chamamos de Junção Ureteropiélica (JUP). Este processo patológico consiste no estreitamento da junção da pelve renal com o ureter.
 
As causas desta condição podem ser congênitas ou adquiridas por processos infecciosos ou inflamatórios. Se não corrigida a estenose de JUP pode levar à lesão renal pelo processo obstrutivo com eventual perda da função renal.
 
Os sintomas decorrentes da estenose de JUP são semelhantes aos casos de cólica renal. Uma queixa recorrente é a dor lombar do lado da estenose de JUP que surge quando o paciente ingere muito líquido.
 
O tratamento desta entidade patológica sempre envolveu o emprego de técnicas cirúrgicas. Ela pode ser aberta ou endoscópica. No entanto, os resultados da cirurgia aberta sempre suplantaram as taxas de cura obtidas com as técnicas endoscópicas.
Com o advento das cirurgias laparoscópicas foi possível obtermos os mesmos resultados da cirurgia aberta, porém com o emprego de um procedimento minimamente invasivo. A abordagem laparoscópica para a correção das estenoses de JUP é semelhante às abordagens para cirurgia laparoscópica renal, ou seja, empregamos 3 ou 4 portais de acesso com o paciente deitado de lado.
 
Após a cirurgia os pacientes ficam internados por 2 ou 3 dias e a seguir tem alta hospitalar. As vantagens da pieloplastia laparoscópica são as mesmas da nefrectomia laparoscópica. Ou seja, incisões menores, menos dor pós-operatória e recuperação mais rápida para o trabalho e lazer.
 
Adrenalectomia Laparoscópica

As adrenais ou supra-renais são pequenas glândulas situadas acima dos rins. Estas glândulas são responsáveis pela síntese de alguns hormônios vitais para o nosso organismo.
 
As glândulas adrenais produzem a aldosterona, importante para manutenção da pressão arterial e volume sangüíneo circulante, os corticóides essências para várias funções orgânicas, as catecolaminas que são os hormônios que atuam em situações de estresse orgânico (emocional ou físico) e hormônios sexuais.
 
As patologias adrenais de tratamento cirúrgico geralmente estão relacionadas ao crescimento da glândula ou aparecimento de massas adrenais. A situação cada vez mais encontrada na prática clínica é o aparecimento dos incidentalomas. São massas ou tumorações das supra-renais encontradas em exame de imagem (ultra-sonografia, tomografia) em pessoas que não sentem nada.
 
O acesso laparoscópico para as supra-renais também é semelhante ao acesso empregado para as patologias renais.