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Cirurgia para Cálculos Renais (Pedra nos Rins)

A presença de cálculos ou pedras nos rins é uma doença bastante antiga e comum. Existem relatos de cálculos renais em múmias egípcias. Atualmente estima-se que os cálculos renais ocorram em até 5% da população. Até 50% dos pacientes que já formaram cálculos renais podem apresentar novo cálculo em um período de 10 anos.
 
A causa dos cálculos renais ainda não é conhecida. No entanto, sabemos que existe tendência da ocorrência de cálculos renais em pessoas cujos familiares apresentam cálculos renais sugerindo origem genética para a doença. Infecções urinárias, distúrbios renais e metabólicos também estão relacionados com a formação de cálculos. A desidratação, também pode ser considerada fator de risco para o desenvolvimento dos cálculos renais.
 
Outras causas de cálculo renal são gota, excesso de ingestão de vitamina D, e obstrução do trato urinário. Certos diuréticos, antiácidos e outros medicamentos podem aumentar o risco de formação de cálculos pelo aumento de cálcio na urina.
O tipo mais comum de cálculo renal é aquele composto de oxalato ou fosfato de cálcio.
 
Os sintomas decorrentes dos cálculos renais estão em geral relacionados a eventos dolorosos. A manifestação mais típica é a chamada cólica nefrética ou cólica renal. Esta é caracterizada pelo aparecimento de dor de início súbito na região lombar do mesmo lado do cálculo que tende a seguir em direção à região abdominal e genital, principalmente nos homens. Podem surgir náuseas e vômitos, alteração no padrão urinário (aumento da freqüência urinária, dor ao urinar e diminuição do volume urinário) e sangramento na urina. Além disso, o quadro pode se agravar com a ocorrência de febre.
 
O diagnóstico do cálculo renal pode ser sugerido pela ocorrência de cristais no exame simples de urina. No entanto, só pode ser confirmado por exames de imagem. Desta maneira, tanto a radiografia simples de abdome, quanto a ultrasonografia são capazes de dizer se existe ou não cálculo renal.
 
No passado, a radiografia com contraste (urografia excretora) era bastante utilizada no diagnóstico dos cálculos renais. Atualmente, entretanto, a tomografia sem contraste tem sido o exame preferido para o diagnóstico dos cálculos renais, nos casos onde nem a ultrasonografia nem a radiografia simples consegue identificar o cálculo.
 
O tratamento do cálculo renal é realizado com medidas gerais e procedimentos cirúrgicos e não-cirúrgicos. É importante frisar que a maioria dos cálculos renais é eliminada espontaneamente. Desta maneira, o tratamento ativo deve ser reservado para cálculos maiores que 6 a 7mm.
As medidas gerais dizem respeito ao aumento da ingestão de líquidos, dieta com pouca proteína e pouco sal.
 
O aumento da ingestão de líquidos é orientado para manter o paciente hidratado e com a urina diluída, evitando desta maneira a saturação de cristais na urina que levaria a formação dos cálculos. A ingestão de cálcio deve ser equilibrada nem muito nem pouco, já que os principais elementos que contribuem para a formação dos cálculos renais, nas pessoas susceptíveis, é o aumento do conteúdo protéico e sal na dieta.
 
A redução da ingestão de certos alimentos pode ser indicada se a urina conter um excesso de oxalato. Esses alimentos incluem: chocolate, café, cola, nozes, beterraba, espinafre, morango e chá.
Outras medidas incluem o uso de citrato na forma de comprimidos, o uso de diuréticos em baixas doses e tratamento da gota e excesso do acido úrico no sangue.
 
Os procedimentos não-cirúrgicos para o tratamento dos cálculos renais incluem o emprego da chamada Litotripsia por Ondas de Choque Extracorpórea (LECO). Esta consiste na aplicação de ondas de choque, geradas a partir de uma máquina, que fragmentam os cálculos. Os fragmentos são posteriormente eliminados pela urina.
As taxas de resolução deste procedimento variam de 60% a 80%. A LECO tem a característica de um procedimento ambulatorial, ou seja, não há necessidade de internação hospitalar.
 
Os procedimentos cirúrgicos são várias técnicas cirúrgicas realizadas por via endoscópica, sem a necessidade de incisões cirúrgicas. Estes procedimentos minimamente invasivos são realizados através dos orifícios naturais do corpo.
Para os cálculos ureterais realizamos a cirurgia através da introdução de um endoscópio fino chamado ureteroscópio que é introduzido no ureter e o cálculo pode ser fragmentado e removido com pinças especiais.
 
Outro procedimento cirúrgico é a cirurgia percutânea, onde realizamos um punção com agulha fina sobre o rim, visualizamos o cálculo que pode ser removido inteiro ou fragmentado. Através destes procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos é possível tratar a maioria dos cálculos renais e ureterais sem a necessidade de cirurgia aberta.